Apontar os benefícios e a segurança do parto natural, o cuidado e a afetividade dos partos humanizados, a importância do protagonismo da mulher na escolha da forma de dar à luz a seu filho, desmistificar a ideia do parto natural como uma experiência de risco, sofrimento, insegurança, mostrar o trabalho sério, de qualidade e referência realizado em hospitais públicos ou filantrópicos por meio do Sistema Único de Saúde (SUS) da Região Metropolitana do Recife (RMR). Com estes objetivos nasceu o projeto Luz Natural.

No ano de 2017, a primeira unidade de saúde a receber o projeto piloto foi o Hospital da Mulher do Recife (HMR), na época recém-inaugurado. Este ano, o projeto teve abertas as portas da Maternidade Professor Monteiro de Morais, do Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros (CISAM-UPE) para este importante registro. Uma abordagem particular que, segundo definição da própria Andréa, consegue “compartilhar o intangível que permeia todo o processo do parto”. As imagens documentam o amor, a dor e os benefícios de dar à luz de forma a apresentar às pessoas informações sobre o parto humanizado, desmistificando-se preconceitos. Um projeto que ganhou repercussão na imprensa local e nacional, além de significar uma enorme realização profissional e pessoal da fotógrafa, ao defender a luta pelo parto natural e humanizado.

O projeto foi idealizado pela fotógrafa. O contato com diversas famílias a fez conhecer muitas histórias de nascimentos, a maioria delas narradas por mulheres carregadas de cicatrizes. Diante da cena atual, da quantidade de cesarianas eletivas, muitas sem a necessidade para tal, busca-se, por meio de imagens, fazer perceber a possibilidade em respeitar a mulher em suas escolhas e o nascimento de seu filho. Com a exposição pública, espera-se chegar ao maior número de pessoas, de todas as classes e gêneros, despertando essa discussão nas famílias para que estas comecem a questionar a via de nascimento do filho de forma consciente. Como essência do projeto, a emoção que despertam as imagens do nascimento do bebê, o primeiro contato visual com a mãe, o primeiro encontro, o toque, o olhar e toda a beleza que envolve essa experiência única têm o objetivo de gerar no espectador um sentimento capaz de incitá-lo ao questionamento e, consequentemente, à busca por informações para que repense conceitos, medos, crenças, muitas vezes equivocadas.

Muito se tem falado sobre o parto natural humanizado, mas poucas pessoas conhecem suas características e benefícios e, muitas vezes, por falta de informação, optam pela cesariana, na maioria dos casos desnecessária e mais arriscada. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o índice razoável de cesáreas é de 15% dos nascimentos. No Brasil, 55,6% dos 2,9 milhões de partos realizados anualmente são cirúrgicos. O parto deixou de ser visto como um processo natural na vida das mulheres e um rito de passagem para a maternidade, tornando-se um procedimento médico de alta complexidade. Como se dar à luz não fosse uma capacidade natural e hormonal das mulheres. E desde sempre se pariu assim, sem que fosse necessária a intervenção cirúrgica, a não ser em casos de emergência ou onde a vida possa estar em risco, nunca de maneira banal e manipuladora. O parto natural é o parto sem intervenções, que respeita as necessidades básicas e a integridade da mulher. Além de ser mais eficiente e seguro, também carrega os hormônios do amor e do êxtase que permitem a vivência da plenitude do parto. No parto natural o trabalho se inicia quando o bebê está pronto para nascer. As ondas ou contrações, vêm no ritmo que tem que acontecer para cada mãe e bebê. A mulher instintivamente se movimenta, muda de posições, respira da forma que ela se sente mais confortável. O cordão umbilical só é cortado depois que para de pulsar, porque a coisa mais importante nesse momento é o contato entre mãe e bebê, é quando um precisa do outro. É simples assim, é natural. As mulheres sabem dar à luz, e os bebês sabem nascer. O parto é um rito de passagem, de maternidade para a mulher e de vida para o bebê. Um dia para nunca se esquecer. Por isso a importância de se produzir uma exposição que retrate esse tema com a seriedade e a beleza que ele merece.

As fotos, além de se transformarem em uma exposição para o conhecimento e informação pública, são disponibilizadas, como um presente, às famílias que autorizarem a produção e reprodução das imagens. Todas ganham um álbum de fotografias que irão eternizar este momento único.

 

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