A maternidade é, sem dúvida, um divisor de águas na vida da mulher.

Uma experiência que faz questionar verdades, conceitos, prioridades, comportamentos, pensamentos. Para as mulheres em situação prisional não é diferente e a maternidade pode ser vista como um grande estímulo à ressocialização. Nos presídios femininos, ao contrário dos masculinos, as visitas são escassas, com poucas aparições dos companheiros e o contato com o mundo exterior é muito focado nas figuras das mães e dos filhos. Um ciclo de amor que não se rompe nem atrás das grades.

Laços que começam a ser formados em cerca de nove meses, mas que duram a eternidade. Para mostrar a maternidade real e a força dessa relação em qualquer lugar que aconteça, o projeto Retratos de Mãe, idealizado pela fotógrafa Andréa Leal, fotografou nove mulheres grávidas ou com filhos bebês ou recém-nascidos vivendo em regime prisional. A iniciativa faz parte das ações do Instituto Luz Natural, associação civil de caráter filantrópico que tem o objetivo de fazer da fotografia um instrumento de valorização e mudança social.

Em 2020, a convite da Desembargadora Daisy Maria de Andrade Costa, com apoio do Ministério Público de Pernambuco (MPPE) e da Secretaria Estadual de Ressocialização (Seres) o Retratos de Mãe visitou a Colônia Penal Feminina, no Recife, para fazer um trabalho de cunho documental, um ensaio produzido para que essa mulher se sinta cuidada e amparada, numa maneira de ressignificar a maternidade que está vivendo. Uma tentativa de diálogo através da arte, para que ela olhe para si, para sua história e perceba os instantes mágicos que a maternidade proporciona. Instantes registrados e guardados sempre na memória.

As imagens em preto e branco receberam o tratamento especializado do fotógrafo e designer gráfico mineiro Henrique Ribas. Uma intervenção artística de efeitos que confere uma dose extra de emoção, dramaticidade e delicadeza às obras.

Com a proposta de compartilhar essas histórias de maternidade fortes e reais e suavizar o estigma sobre as mulheres encarceradas, uma exposição virtual está aberta ao público, em respeito ao isolamento social motivado pela pandemia do Covid-19. Uma proposta de dialogar sobre esse amor incondicional e dar a estas personagens a oportunidade de contar um pouco de sua história, apresentando à sociedade não as presidiárias, mas mães e mulheres com chances de ressocialização e reinserção social.

Com isso, o projeto toma como missão colaborar para esta mudança de paradigma tão importante e necessária.

O registro do protagonismo dessa mulher ganha o intuito de despertar a sociedade para a empatia, fugindo do preconceito e da marginalização.

Autorizado pelas fotografadas e pelo Estado, as fotografias dão a cada família a oportunidade de guardar a recordação deste momento tão especial. A emoção que essas imagens desperta é a essência de todo o projeto. É somente por isso que ele foi idealizado. Fazer com que todos apreciem as imagens e enxerguem todo o amor envolvido nessa relação, alheia à situação que a mulher está vivendo, fazendo com que a sociedade repense a ideia estereotipada sobre pessoas encarceradas. Em cada pessoa tocada por essas imagens estaremos plantando a possibilidade de enxergar o mundo com um olhar mais humano, tão necessário em nossa sociedade.